sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

CINEMA PARADISO

A VIDA PASSA A CORRER

Ontem numa conversa tardia com amigos alguém, mais velho, disse: ”agora a vida passa a correr, as coisas estão muito diferentes do que eram…”.
Poderia pensar que as pessoas, tendencialmente, quando olham para a sua vida recordam os tempos passados com saudade e costumam acompanhar esses pensamentos com as, tão habituais, frases “no meu tempo é que era”. Podia discordar, mas pelo contrário concordei totalmente. Vivemos numa sociedade de correria, de stress, por tudo ficamos enervados, chateados, tudo é feito com pressa: pressa de levantar, pressa para tomar banho, pressa para vestir, pressa para lavar os dentes, pressa para pegar no carro, pressa no trabalho, pressa de almoçar, pressa de tomar café com os amigos, pressa para fumar um cigarro, pressa para jantar, para depois, e finalmente, ver um pouco de TV ou ler qualquer coisa e finalmente pressa para dormir, pois quando se olha para o relógio já se ultrapassaram as horas em que já deveríamos estar a repousar, e muitas vezes até temos pressa para sonhar.
O mais incrível é quando essa pressa é transportada para as relações.
Os amigos, os verdadeiros, são muito poucos. Poucos são os que têm aquele ombro quando é preciso, que estão lá independentemente da hora ou do dia, apenas para nos ouvir, para estarem connosco, que mesmo nos silêncios nos sentem, e que por mais que digamos “está tudo bem” eles sabem que não é assim, que sentem a nossa dor como se fosse a sua. Muitos são os que se lembram de nós quando estão mal, mas quando tudo corre bem, facilmente se esquecem os cafés, os lanches, os almoços, os telefonemas, aparecem de quando em vez no tão usado facebook com frases feitas por outros, pois até para se escrever algo pessoal e sentido há pressa.
Todos procuram à pressa o amor eterno, pensando que as relações se constroem do pé para a mão, os namoros fazem-se a correr, as etapas que em tempos eram importantes e criavam algum mistério e até romance, agora, quando feitas, são em velocidade cruzeiro. Depressa se casa, se tem filhos e também depressa de descasa, se arranjam novos relacionamentos e as páginas vão-se virando com uma rapidez incontrolável. As pessoas são apagadas do corpo, do coração e da memória.
As épocas evaporam-se, os Verões correm tão rápido como as ondas do mar, os Invernos vão-se como as chuvas, as pessoas vão desaparecendo e com elas a juventude, os sonhos e a própria vida.  
  

DO QUE EU GOSTO

Doces em geral (uns mais do que outros, mas quase todos que existem por ai…)
Café (em quase todas as alturas do dia e da noite)
Estar sozinha (perdida nos pensamentos) / estar com os amigos.
Ouvir a chuva a cair lá fora (não gosto dela a cair em cima de mim)
Velas, incensos e tudo o que deite fumo
Livros
Música
Som do mar
Conduzir
Compras de roupinhas, sapatinhos, acessórios, saquinhos e sacotes, e tudo e tudo
Caixas, normalmente, guardam histórias, muitas histórias sobre os objectos que lá se encontram
Árvores (principalmente no Outono quando começam a ficar sem as folhas)
Teatro
Pão quente com manteiga
Lençóis acabadinhos de por na cama
Massagens
Campo e cidade
Provocar gargalhadas
Fotografias
Água quente a cair-me no corpo
Cinema .....muito cinema
Cães
Viagens
Relógios
Passar os Domingos sem fazer nadinha

DO QUE EU NÃO GOSTO

Arrogância
Levantar cedo
Rotinas
Celulite
Hipocrisia
Batatas cozidas
Gente vazia
Centros comerciais ao Domingo
Gritos
 
Não poder comer tudo o que me apetece sem engordar imenso