As agulhas da vida saltam e partem-se imensas vezes,
picando-nos as veias, arrancando alguma racionalidade e aniquilando as
certezas.
Na minha vida as agulhas vão-me picando e requebrando em
demasiadas ocasiões.
Talvez, por isso, goste de viver no fio da navalha. Este fio
que me norteia, me inquieta e me mostra sempre os caminhos a seguir.
Gosto especialmente do encontro com as resoluções, daquele
momento em que se descortinam os desfechos e os tormentos se vão embora,
deixando-nos em paz, e finalmente serenos.
Aquela fração da vida em que o tempo quase que para, para
que possamos encontrar a paz, e tudo se encaixa.
As soluções aparecem onde menos se espera e quando menos se
espera, e é disso que eu gosto, da surpresa, de ser apanhada desprevenida.
Ontem fui…
As certezas voltaram, os objetivos implementaram-se de novo.
Não encontrei a estrada de tijolos amarelos, mas encontrei o
inicio do caminho.
As agulhas picaram-me de tal forma, que entraram e
perfuraram a carne alcançando a alma e o que há para além dela. Não posso fugir
de mim própria por mais que tente, essa certeza ficou, pelo menos até ao
próximo embate com as agulhas.
As soluções essas vêm apenas e só quando a calma e
serenidade se apoderam de nós e não há volta a dar, é e será sempre assim.