Chegamos a Veneza ao final da tarde, e entendemos imediatamente,
o porquê da importância que o Stefan deu à hora de chegada àquela cidade.
Veneza tem uma luz própria, singular, única, completamente fascinante.
À saída da estação de comboios tive uma pequena massagem na
alma ao ver tamanha beleza.
A luz de final de dia refletida nos canais de Veneza cria um
cenário digno de postais reais, com movimentos, temperaturas, sons e cheiros.
Em relação aos cheiros fiquei absolutamente surpresa, pois
durante anos fui bombardeada com comentários negativos em relação ao mau odor proveniente
nos seus canais, não sei se fui tocada por alguma sorte, mas não senti qualquer
mau cheiro durante todo o tempo que por lá andei.
Com as suas inúmeras pontes, os barcos táxi, a média luz das
suas ruas, as belas gondolas, o som da água dos canais a baterem no edifícios,
a ausência de sons de automóveis, criam um ambiente encantadoramente romântico,
diferente de todas as cidades que conheci até hoje.
Tínhamos a noção de que se trata de uma cidade labiríntica,
todas as ruas vão a todo o lado, e todas vão ter a lado nenhum, era necessário
encontrar a casa que o Stefan nos reservou.
Rapidamente encontramos a praça e tão rapidamente encontramos
a dona da casa - uma jovem rapariga, com traços Indianos, acompanhada do seu
bebé e de um cachorro, extremamente simpática e disponível, sorte das sortes
ficamos no melhor quarto da casa, com um enorme desconto que ela nos concedeu. Perguntamos
algumas referências da cidade, entre outras aconselhou-nos um restaurante perto
da casa, pois o dono era seu amigo e com certeza nos faria um desconto.
Missão que cumprimos piedosamente, encontramos o
restaurante, sentamo-nos na zona exterior, num espaço tipicamente Italiano, a
cheirar e a sentir por todos os poros do meu ser aquela envolvência.
Só me passou pelo cérebro o facto de não ter um belo Romeu
ao meu lado, atenção que a companhia da minha amiga foi boa, mas um Romeu é
sempre um Romeu.
Serviram-nos uma
bebida típica de Veneza chamada Spritz, com umas azeitonas gigantes no
interior, o género de um licor, mas muito forte, acompanhada de um pão maravilhoso,
o prato principal foi Rissoto – bem hummmmm, divinal, bebemos um bom vinho, finalizando a refeição com Tiramisù - como eu
nunca comi na vida, de comer e chorar muito, muito por mais, passou-me pela
cabeça que iriamos pagar uma conta de chorar muito, muito por menos, mas qual
não foi o nosso espanto quando observamos o talão e reparamos que não tinham colocaram
as taxas, e ainda nos fizeram um desconto por conhecermos a Maria – gente hospitaleira
esta.
Fomos descobrir Veneza à noite e, de facto, è tão bonita na
penumbra, como pela luz radiante do sol.
O 2.º dia chegou assim ao seu final….