Na procura desconcertante das minhas cicatrizes encontro-te
a ti.
Cada viagem pelas minhas memórias é um novo encontro com a
saudade, aquela que me emociona e me faz engendrar travessias em cada poro de
cada caixa na minha pele guardada.
A mesma que me esconde, me encobre, me reserva, me guarda e
me protege de mim própria, em arrepios indistintos.
Esta mesma pele que
tantas e tantas vezes te amou, agora sem o mesmo brilho sem a mesma juventude,
sem a mesma veracidade.
Cada caixa contém um pouco de mim, de ti de nós… amordaçada com
uma enorme fita de cobre, entrelaçada com rubro cetim, inquebrável, intransponível,
inimitável…
Memórias de um presente há muito vivido, e jamais repetido,
de um tempo onde tudo eram caixas vazias, ansiosas de histórias, inconscientes
da importância de cada experiência no percurso de um vida – insensatas.
As caixas foram-se enchendo, restando pouco espaço para
novas histórias, novos sentimentos, novas verdades, novos amores.
Cada cicatriz encontra uma memória turba da tua imagem em
mim, desconhecendo o atual reflexo. Guardo em mim o aperto no coração que o teu
sorriso sempre me provocou.