terça-feira, 20 de agosto de 2013

Não gosto do meu dia de anos







Não entendo o porquê das pessoas acharem uma anormalidade eu não gostar do meu dia de aniversário.

Não gosto, não gosto e pronto.

Não tem absolutamente nada a ver com o medo de envelhecer e de me querer ver linda e maravilhosa para o resto da vida, muito menos o receio das rugas, ou cabelos brancos (sim porque esses já se espalharam livremente no meu fascinante cabelo negro).

Julgo sim julgo, porque nem eu sei muito bem o real motivo deste estado de espirito que se manifesta em mim ano após ano desde os 18 anos, talvez se prenda com as espectativas que criei ao longo desta caminhada, e foram altas demasiado altas, talvez iguais às de tantas mulheres iguais a mim.

Por volta dos 14 anos imaginei que aos 30, teria um príncipe encantado ao meu lado, que me iria amar acima de qualquer jogo de futebol, ou filme de ação, que pegaria em mim ao colo e me levaria para o cimo de uma colina só para me mostrar a lua e as estrelas numa bela noite de Verão. Que me aconchegaria os cobertores nas noites de Inverno e ficaria a observar-me, só para ficar com a minha imagem nos seus sonhos. Que me ouviria nos meus ataques de fúria comunicacional e que me daria o seu ombro só para me acariciar a cabeça, e com um suave beijo me acalmaria toda a ira.

Aos 20 e poucos julguei que iria encontrar um emprego fantástico, onde iria desenvolver toda a minha capacidade criativa e me iria possibilitar um nível de vida agradável, que uma casinha acolhedora, toda catita estaria no papo.

Na minha realidade achava possível encontrar todos os meus amigos, todos os fins-de-semana e que estaríamos em agradáveis cavaqueiras para todo o sempre, tudo seria sempre igual e as distancias não seriam nunca um impedimento para nos encontrarmos periodicamente - como fui inocente.

Julguei que a minha vida iria ser constantemente um rodopio de novas experiências, inconsciências, novidades, aventuras e o caminhar dos anos seria apenas isso, sem qualquer conotação negativa.

Pensei demais, imaginei demais, criei demasiados objetivos, sonhei exageradamente de tal forma que me fui esquecendo da realidade.

Leio demais, vejo imensos filmes, no meu cérebro rodopiam balanços e balancetes dos dias que vão passando. Observo os menos cultivados e chego à conclusão que não criando tantas espectativas são bem mais felizes e tudo lhes vai acontecendo sem sequer terem planeado nada.

Ano pós ano, nada se vai alterando na minha vida, a não ser isso o caminhar da idade e uns pozinhos de felicidade de quando em vez, sim porque não sou uma mulher infeliz, agora aquelas grandes metas que idealizei poucas foram as alcançadas.

Ah e não gosto nada daqueles olhares que me lançam quando afirmo que não gosto do meu dia de anos, e muito menos da frase “tu ainda és tão nova”, claro que sou e ainda era mais aos 19 e já não gostava.

Em cada dia 12 de Agosto revejo mentalmente o que passou e fico nostálgica por perceber que mais um ano acabou, e cada momento já não volta a acontecer e fico assustada ao pensar no que se vai seguir nos dias que antecedem o próximo dia 12 de Agosto.

Talvez seja medo, insegurança, nostalgia, solidão, estupidez, ou até uma enorme infantilidade, não sei, sou eu e eu sou assim pelo menos por agora.