quarta-feira, 18 de abril de 2012

As aparências iludem













Quantos seres transmitem alegria, e se encontram terrivelmente tristes.
Quantos nos parecem tristes e estão a explodir de alegria.
Quantos sorriem em busca do retorno de um sorriso.
Quantas lágrimas se engolem e ficam apertadinhas no peito, para não se mostrar a tristeza ou até a comoção da alegria.
Os abraços que pedem não para dar força, mas para recebe-la.
As vezes que dizem obrigado, quando não querem dizer nada.
Quantos dizem “que bonito”, quando o que sentem é ”que feio”.
Quantos dormem ao lado de quem já não suportam sequer tocar.
Quantos dormem sós, acompanhados de muita gente.
Quantos dizem “acredita”, quando nem eles acreditam.
Quantos dizem “vou”, quando sabem que nunca irão.
Quantos falam tudo e não transmitem nada.
Quantos  não dizem nada e transmitem tudo.
Quantos choram e não sentem nada.
Quantos sentem tudo e nunca choram.
Quantos têm muito medo e parecem fortalezas.
Quantos são fortalezas e parecem medrosos.
Quantos estão sempre sós e parecem sempre acompanhados.
Quantos estão sempre acompanhados e se sentem sempre sós.
Quantos dizem ”estarei sempre lá”, e nunca estão.
Quantos dizem “adoro-te” e sabem que odeiam.
Quantos dizem “amo-te” e querem dizer “não sinto nada por ti”.
Quantos dizem “não sinto nada por ti” e querem dizer “amo-te”.

Quantos se julgam perfeitos e são, indesculpavelmente,  os mais imperfeitos.