terça-feira, 11 de setembro de 2012

Chatas




Sou mulher e não consigo entende-las, é verdade, verdadinha.
Cheias de probleminhas, fazem filmes, gostam de extrema atenção (mesmo quando não dão nenhuma aos outros), ficam amuadas e depois temos que adivinhar o que se passa,mas que raio, dão voltas e mais voltas às histórias até chegarem ao ponto de ouvirem exatamente as frases que querem ouvir, e para verem o outro lado das realidades têm extrema dificuldade.
Tentam ir buscar os porquês de tudo, mesmo que não exista uma razão para as coisas acontecerem.
Não sei se são as hormonas, mas que são extremamente difíceis são, e atenção muita atenção, falo isto e as fêmeas são apenas minhas amigas e familiares, nada de relações amorosas porque aí tenho muita mas mesmo muita pena dos homens, desconfio que se fosse homem seria gay.
Reconheço que também tenho dessas características, mas à medida que os anos vão passando tenho evitado os filmes de longa-metragem pois reconheço que só me fazem mal, atormentam, enervam, chateiam, e sou gaja dos pés à cabeça (apesar de aí já pensar um bocadinho como homem). Nem imagino o que se passa na cabeça dos homens quando têm a árdua tarefa de lidarem connosco.
Greee, somos grandes, fantásticas e maravilhosas, mas também somos chatas como tudo. 


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

EU CONHEÇO A BRANCA DE NEVE


 
 
Desde sempre me lembro dela, provavelmente mesmo muito antes de ter consciência de mim própria já distinguia o seu tom de voz.
Recordo-me da sua capacidade para se isolar, ficando horas no meio dos seus puzzles, dizendo muitas vezes que quantas mais peças tivessem mais espetaculares eram. Sobre a alcatifa cinzenta do nosso quarto jogava horas com as imensas e minúsculas pecinhas, num quebra-cabeças desenfreado.
Adorava ler, perdia horas nas inúmeras histórias que as páginas lhe iam oferecendo, herança incontestável do meu pai, que sempre lhe incentivou o gosto, oferecendo-lhe as coleções que ela ia pedindo das histórias juvenis.
Quando se embrenhava no seu mundo eu sabia que não a podia interromper, como menina mais velha, sabia impor as suas regras.
Recordo-me das tardes de Verão, daquelas bem quentes, em que é impossível estar em casa, muito menos quando se é criança, em que íamos às amoras nos campos, perto da casa da minha avó, depois cobríamos os frutos com açúcar, no final do manjar ficávamos com a cara, mãos e roupas todas pretas e com a barriga satisfeita, conseguia sempre mais amoras do que eu, algo que não me agradava muito.
Sempre muito organizada, mantinha os seus brinquedos “estimadinhos”, e isso enervava-me, pois as minhas mãozinhas traquinas nunca lhes podiam tocar, e o que eu gostava de uma tábua de passar a ferro que ela tinha, com um ferro que aquecia e tudo, e das suas folhinhas de cheiros, e da sua “Barbie e do Ken”, bem mas então isso era sagrado, às vezes “roubava-os” para brincar um bocadinho, talvez por serem o fruto proibido era bem mais apetecido.
A verdade é que idolatrava aquela menina mais velha, tentava imitar tudo o que fazia, mas como eram coisas que eu dificilmente compreendia por serem muito calmas para mim rapidamente desistia. 
Com os seus cabelos longos e vestidinhos bem coquetes, transbordava cultura, e quando falava eu bebia as suas palavras, com sede de aprender tudo o que dizia.
Quando me trazia doces de um quiosque perto da sua escola eu devorava-os em segundos, nunca compreendi como é que os seus cresciam na sua caixinha, acho que já se revelava aí a sua capacidade de economizar, anda me lembro, como se tivesse sido ontem, o cheiro que emanava daquela caixa quando lhe retirava a tampa, cheia de gomas, pozinhos, rebuçados, pastilhas elásticas e todo um mundo de sabores, o que eu gostava daquilo, uma vez ou outra lá lhe roubava algumas e mesmo assim elas parece que cresciam…
Adorava ver os filmes que ela gostava, às vezes nem entendia nada por não se adequarem à minha idade, mas via-os só por ela os ver. Ainda me lembro de adorar ver o Twin Peaks, eu teria os meus 8 anos, e não era de todo uma série para a minha idade, ficava colada à televisão com os olhos quase a fecharem-se de sono, e a tremer de medo, mas armada em adulta lá via, nem que a isso se seguisse uma noite de terríveis pesadelos.
Na adolescência tornou-se um ícone da moda, com o seu estilo fabuloso, repleto de roupas que eu adorava. As suas roupas para mim eram um fascínio, de quando em vez lá lhe roubava algumas para poder ir para a escola a transbordar de estilo, algo que a enervava tanto, tanto que a sua fúria era bem maior do que o buraco do ozono, contudo para mim valia bem o risco.
De pele branca, cabelo escuro, baixinha e cinturinha delgadinha, qual Branca de Neve, assim é a minha irmã, alguém que me acompanhou desde sempre e marcou toda a minha essência e o meu carácter, não seria a mesma pessoa se ela não me tivesse acompanhado neste percurso de uma vida.
Carácter forte, muito senhora do seu nariz, personalidade segura e lutadora, inteligente como só ela, inacreditavelmente teimosa assim é a mulher que tem um sangue exatamente igual ao meu a correr-lhe nas veias, minto o dela deve ter menos colesterol.
Aqui fica o meu texto de PARABÉNS, sim porque ela fez anos ontem, especialmente porque é uma grande mulher que eu admiro muito, e por isso mesmo encho a boca para lhe dizer - PARABÉNS - quando for grande quero ser como tu.

domingo, 2 de setembro de 2012