quinta-feira, 28 de junho de 2012

BIUTIFUL


Um excelente filme que nos transporta para o lado menos sentido de Barcelona, mas tão presente e intenso.
Se nos abstrairmos da imponência dos edifícios e nos focarmos na observação do ser humano, vamos deparar-nos com a envolvência do filme, milhares de pessoas, mas ninguém se olha nos olhos, ninguém se preocupa, ninguém quer saber, é grande demais para se perder tempo com isso.
Javier Bardem tem uma prestação, absolutamente fabulosa, prendendo-nos a atenção do primeiro ao último segundo.

terça-feira, 26 de junho de 2012

5 Dias em Barcelona – 5.º Dia

O último dia passado em Barcelona iniciou-se com uma passagem pela “la boqueria” para bebermos um sumo fresquinho logo pela manhã, passeamos pelas Ramblas e vimos a preparação das estátuas humanas para o dia. Seguimos para o “Mirador de Colon”, onde tiramos imensas fotos com os Leões que por lá andam.



Passeamos pela Barceloneta, em jeito de despedida da cidade. Por lá encontramos um senhor idoso, sedento de atenção que nos questionou sobre a nossa nacionalidade, e falou da sua cidade, senti que apesar de amar Barcelona, era alguém sozinho no meio de uma multidão de gente, disse-nos algumas curiosidades que só mesmo uma pessoa que viveu toda a vida no mesmo pedaço de terra poderá saber.






Ao final da tarde passamos pela Praça da Catalunha para nos sentarmos pela última vez a observar as pombas, regressamos ao Hostel para levantar as malas e apanharmos o autocarro para o aeroporto.
 A correr entramos no aeroporto e também a correr entramos no avião, xi que susto, por pouco pensei que ia ter de ficar em Barcelona, mas tudo correu pelo melhor, despedi-me da cidade, com a certeza absoluta que lá voltarei, espero que muitas vezes.
Mais uma cidade deste mundo que ficou num cantinho muito especial do meu coração, como os grandes amores que apesar de imperfeitos nunca se esquecem…

5 Dias em Barcelona – Dia 4

Depois de pensar que estava a viver um pesadelo, lá me levantei no 4.º dia em Barcelona, preparada para encarar a cidade de frente e tomar medidas poder voltar para Portugal.
Lá fomos nós em direção ao Consulado Português, não sem antes fazermos uma rápida paragem no mercado “la boqueria”, um espaço cheio de cores, cheiros, tudo regado com muito fascínio. Por lá, bebi um fresquíssimo sumo natural, que me purificou as entranhas.










Já no Consulado fui recebida de uma forma muito simpática, o que me fez sentir em casa, e me acalmou, consegui o cartão de viajante, garantindo um lugarzinho no avião de regresso a casa.
Bem mais calmas e decididas a aproveitar o dia, lá seguimos para o Bairro Gótico, onde nos deslumbramos com os artistas de rua perto da Catedral de Barcelona, por lá passamos a manhã.


De tarde seguimos a direção das Ramblas, para irmos ao Museu Erótico, mas depois de ver os preços, desistimos, voltamos à Boqueria para nos deliciarmos com aquelas maravilhosas frutas.



Enquanto a minha colega procurava "recuerdos", e dada a minha falta de dinheiro para os poder adquirir, sentei-me nas Ramblas a contemplar a Zona, até que comecei a abstrair-me dos edifícios para observar as pessoas, principalmente nos movimentos suspeitos dos vendedores de assobios (ou lá o que aquilo é), pois em mais de uma hora que lá estive não os vi vender nem um, mas reparei nos sinais sonoros e olhares que passavam aos seus comparsas encostados nas laterais da rua, ao recebê-los colocavam-se em marcha seguindo os turistas, no mínimo estranho, deu que pensar, pois passam horas e dias ali sem venderem aquelas porcarias que ninguém quer, de certeza que por detrás desse disfarce vendem muitas outras coisas que não os meros apitos.
Uma outra cena que me deixou boquiaberta foi ver um rapaz de aspeto Romeno a levantar uma tampa do piso e deitar para lá algo, pondo-se em fuga imediatamente, olhando para todos os lados, naquele momento a minha vontade era saltar para lá para ver o que lá tinha posto, ou então alertar a polícia, mas fiquei com tanto medo que limitei-me aos pensamentos.
O que é certo é que por lá é extremamente fácil determinar os minutos que a polícia demora a percorrer a rua, em pouco tempo entendi os seus movimentos, quanto mais os malandros que passam lá tempos infinitos. Naquele momento deu-me uma vontade enorme de ir para Polícia só para apanhar essa malandragem toda e colocá-la onde merecem estar – na cadeia.
Consciente que um ambiente mais espiritual me iria fazer bem, assistimos a uma missa na Catedral, num ambiente sereno, verifiquei que até lá as pessoas andam agarradas aos sacos, até mesmo para comungar, nem a presença de vários seguranças lhes deu sossego, um cenário algo estranho.

Ao final da tarde contemplamos a praça, os seus vários artistas, entre violinos, cantos líricos e o pôr-do-sol . Uma praça que estava apinhada de polícias, onde pelo menos por lá me senti segura.







Como o espetáculo de flamengo ficou adiado no dia anterior, tínhamos de ver um antes de regressar a Portugal, nem que fosse mais baratinho, para lavar a alma e trazer mais um pouco do espírito espanhol na bagagem.
Na Praça Real encontramos um espaço chamado "Los Tarantos", onde por apenas 8€ alcançaríamos o nosso objetivo. Fiquei positivamente surpreendida, para isso bastou o toque daquelas guitarras, e plim já estão a  mexer na minha veia latina, fico arrepiada até à pontinha do último cabelo (e eu tenho muito). Valeu bem o dinheiro, soube um bocadinho a pouco, mas julgo que nem com 24horas seguidas de espetáculo seria o suficiente.





Terminado o espetáculo sentamo-nos em amena cavaqueira, no chafariz central, observando a emblemática praça, rodeada de restaurantes e gente bem disposta, aí fomos constantemente abordadas por um vendedor de cervejas, que nos cansou de tão chato que era, mais tarde é que entendi a sua insistência, pois o seu objetivo não era vender-nos a bebida, mas sim “marihuana o alguna otra cosa”.
O insuportável vendedor, cansou-nos de tal forma que decidimos regressar ao Hostel que estava a 2 minutos dali, terminando o penúltimo dia de viagem.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

5 Dias em Barcelona - O ROUBO


Acabadas de sentar num banco de jardim, na Avenida Diagonal, íamos começar a comer fruta, para descansar um bocado os pés, já bem estafados, fomos surpreendidas por uma scooter que a alta velocidade me apareceu, colocando-se mesmo em cima de mim, agarrando, à velocidade de um furacão, o meu saco e fugindo rapidamente pela avenida.
Por momentos julguei ser um pesadelo, pois tão rápido estava bem, como tão de repente estava sem nada, sem qualquer pista ou descrição para os apanhar.


Senti-me completamente só, numa cidade imensa, com milhares de motos em todas as ruas, todas com o  som daquela que possuía as minhas coisas. O barulho do motor entrou-me na cabeça de uma forma tão intensa, quanto a rapidez do assalto.

Comecei a tentar lembrar-me dos pormenores dos malditos ladrões, e recordei-me que a mota era cinza, com caixa atrás, eram dois assaltantes, vestidos de negro, com capacetes também eles negros, o braço era de pele escura, pormenores que não me saem da cabeça.

Naquele instante fiquei em estado de choque, sem qualquer tipo de reação, só ouvi a voz da minha amiga a dizer “corre, corre, talvez os apanhes”, como uma máquina comecei a correr pela avenida fora, mas a moto fugiu com toda a sua força sem deixar qualquer rasto. 

Entre o barulho dos automóveis, do frenesim da cidade perdi-os de vista, perdi com isso todas as minhas coisas, levaram com eles a máquina fotográfica (emprestada por uma amiga), o guia da viagem, o telemóvel, a carteira com a minha identificação e o dinheiro – reservado para os restantes dias de férias, os óculos de sol, na altura julguei que também me tinham levado os cartões do banco.

Senti-me vazia, horrorizada com toda aquela situação, nunca tal me tinha acontecido, julguei que com eles também levavam a minha estabilidade, a minha segurança, a minha independência de andar sozinha para todo o lado.

Como é que tal aconteceu, a mim, que sou uma pessoa cuidadosa e extremamente atenta a tudo o que me rodeia? Como é que eu não vi a matrícula da mota? Porque é que eu não agarrei o saco com toda a minha força? Porque é que me sentei naquele banco naquela hora? Porquê a mim que estava a deliciar-me com a cidade? Porque é que me roubaram a magia que se instalava em mim a cada segundo que conhecia mais e mais? Porque é que não entrei na casa Batlló e na Pedrera, pelo menos tinha visto aquelas maravilhas e levavam menos dinheiro, provavelmente nem teria sido assaltada. Porquê?

No meio do desespero e das lágrimas que me cobriam a cara, corremos desesperadas pelas imediações na tentativa de os avistarmos, de vermos o saco caído em qualquer lado, mas nada - não encontramos nada.
Numa tentativa de auxílio recorremos às pessoas que nos iam aparecendo a perguntamos se tinham visto alguma coisa, mas as respostas foram negativas. Até que uma senhora nos deu indicações para a primeira medida que tínhamos de tomar, pois com toda a situação nem nos lembramos, devíamos imediatamente procurar uma esquadra, ir até à Praça da Catalunha o mais rápido possível para cancelarmos todos os cartões.


Deciframos os caminhos mais rápidos para lá chegarmos o quanto antes. No meio de passadeiras, semáforos, trânsito, centenas de pessoas que nos iam aparecendo, barulho intenso e agudo das motos, talhamos o caminho, eram tantas pessoas mas julgo que ninguém nos via, no sentido de perguntar “O que se passa? O que têm? Precisam de ajuda?”, nada, senti um vazio como nunca senti na vida, como é que andava tão cheia de alegria, de curiosidade, e de repente senti-me nua, sem nada, com vontade de desaparecer, de pegarem em mim e me levarem para o meu quarto, fechar-me lá e chorar, chorar com toda a minha força.
Os meus olhos corriam desesperados à procura de um polícia, mas nem um apareceu para me ajudar.

Andamos imenso mas nem me apercebi das distâncias, o meu corpo ganhou uma força gigante, imensa, naquele momento sentia-o indomável, capaz de aniquilar quem me colocou naquele estado, a viver um conjunto de novas emoções que queria repelir, que não queria sentir, só me apetecia gritar SOCORRO roubaram-me tudo.

Mal avistamos as escadas em direção à esquadra, na Praça da Catalunha, entramos por lá dentro como se fosse a última hipótese de salvação.

Até que olhei em volta e vi imensa gente na mesma situação em que me encontrava, como um despertar para a realidade entendi que eu fora apenas mais uma vítima.

Senti alguém a olhar-me com preocupação e apesar de não ter farda entendi que esse rapaz iria fazer algo por mim.

Era o interprete da força policial “Mossos d’ Esquadra”, perguntou-me de onde era e se podia falar em inglês, sentamo-nos e muito calmamente, perguntou-me o que se tinha passado, expliquei-lhe tudo entre lágrimas e muita tristeza. Para mim, naquele momento, não estava mais ninguém naquele local, só eu e aquele perfeito desconhecido.

Recordo-me que me perguntou se estava bem fisicamente, ao que eu respondi afirmativamente, apesar de muito assustada, disse-me que tive imensa sorte pois a maioria dos assaltos em Barcelona são violentos, não estar magoada era o mais importante. Com um discurso calmo falou-me da importância que a vida deve ter para cada ser humano, pois os bens materiais, são apenas isso – materiais, vão e vêm, mas que a vida é insubstituível e eu estava viva, ainda, com um mundo para descobrir, novas desilusões, acontecimentos inquietantes iam-me voltar a acontecer e aquele era só mais um, mas que isso nunca me poderia roubar a alegria, o acreditar que é bom estar vivo, para sentir o bom e o mau da vida, que um dia ainda me iria rir daquele triste acontecimento.

Falou-me dele, e questionou-me se queria saber as suas histórias, e que mesmo as mais horríveis não lhe fizeram perder o amor pela vida. Disse-me que era da Geórgia e que em pequeno também ele fora vítima de assalto, a diferença é que lhe apontaram uma arma à cabeça e o obrigaram a tirar a roupa e as sapatilhas, naquele momento ele disse “take it”, “são só coisas, a minha vida é muito mais importante, ainda me tenho a mim próprio”.

Mais do que uma conversa, aquilo para mim foi um despertar, como que um acordar. Entendi que no dia-à-dia andamos tão preocupados com coisas banais, sem qualquer significado, só quando nos deparamos com situações como aquela é que entendemos que a vida é a nossa maior fortuna, entendi que naquele banco de jardim podia ter levado um tiro, e podiam-me ter roubado algo muito mais importante do que o saco e uns bons euros que tanto me custaram a ganhar, mas podiam ter apagado de mim a verdadeira chama - a da vida.

Nunca mais me vou esquecer da forma como ele me ouviu, ultrapassando a barreira da língua e do intenso medo que me atropelava o raciocínio, falei com ele como se o conhecesse, como se falássemos a mesma língua. Na esquadra entravam a cada segundo mais e mais pessoas para registarem as suas queixas, algumas bem piores do que a minha, mas aquele rapaz não deixou, por isso, de estar ali, para me acalmar, e apaziguar a alma.

Explicou-nos todas as medidas que teríamos que tomar como: Cancelar imediatamente todos os cartões bancários, registar a queixa (algo que não poderia ser feito naquela esquadra pois fechava às 20:00h e já tínhamos ultrapassado bem o horário, não podendo, por isso, registar nada), teríamos que ir à esquadra mais próxima que se situava numa das ruas transversais das Ramblas, para impedir a utilização de qualquer documento meu, bem como, ter um documento formal de registo, pois mais rapidamente poderiam tomar medidas para encontrar os larápios, contudo, alertou-me logo para o facto de nunca mais encontrar o dinheiro e os equipamentos, poderia encontrar os documentos mas seria algo complicado. No dia seguinte teria de ir ao consulado Português para me emitirem um documento de identificação para poder viajar, dado que a Ryaner não permite viajar tendo apenas a queixa da polícia.  

Despedimo-nos daquele rapaz que me deu alguma estabilidade e me abriu os olhos para ver o mundo de outra forma, mais intensa, mais desligada dos bens materiais e aprender a viver cada dia, e cada hora como se fossem os últimos, pois num momento estamos bem, mas logo de seguida poderá estar tudo terrivelmente, desesperante e inalteravelmente perdido.

A vida afinal é isso mesmo uma caixa imensa de surpresas, algumas bem perigosas.

Saí de lá um pouco mais calma, com um conforto inexplicável emitido pela voz daquele rapaz que me fez ver a importância masculina neste tipo de situações. Guardarei para sempre aquela conversa, espero nunca mais esquecer aquelas palavras e aquela sensação que só ele me conseguiu dar.

Seguimos para a segunda esquadra onde fomos recebidas por alguém bastante mais desligado, impessoal, o que me deixou um pouco desconfortável.

Como o intérprete já tinha saído, comprometemo-nos a entender o Catalão para assim registarmos a queixa formalmente, caso contrário só o poderíamos fazer no dia seguinte, algo impensável, pois o meu objetivo era tomar medidas de tentativa de reaver as minhas coisas e a minha paz o mais rapidamente possível. Muitas das vítimas de assalto não tiveram a mesma sorte pois só sabiam falar em Inglês, o que gerou algumas discussões, tornando todo aquele ambiente, ainda mais desconcertante.

Dado que tinha descrição dos ladrões, deveria ser recebida por um inspetor registando a queixa de forma descritiva e não com o recurso a um mero questionário, tão habitual naquelas esquadras.

Fomos recebidas por um polícia, extremamente simpático, enfim, tivemos alguma sorte pela forma como os “Mossos d’ esquadra” nos receberam, pois num final de dia, depois de registarem centenas de reclamações e observarem a inquietude das vítimas ainda tiveram paciência para me acalmarem.

Dialoguei com ele num Português Espanholado e ele lá me entendeu, dizendo pelo meio algumas brincadeiras para me distrair de toda aquela situação.

Terminando o inquérito com a frase: “bebe uma cerveja, vive a cidade e esquece o que se passou, tens de te distrair pois já passou e estás bem”, “sorri, não fiques assim triste”. Tive noção que devia sorrir para a vida, apesar das imensas contrariedades que ela tem.

Mal saí à rua a minha vontade era correr para o Hostel, para tentar ficar em segurança, tal era o medo daquelas ruas repletas de gente, com aquelas expressões de felicidade e de contemplação da cidade, via agora que eram as vitimas ideais para os imensos ladrões que se espalhavam um pouco por todo o lado.

Mais atenta entendi os olhares, a observação dos que se encostavam às paredes daqueles históricos edifícios que, com toda a certeza, já teriam assistido a milhares de histórias iguais á minha e outras bem mais dramáticas.

Depois de muita conversa, lá deitei a cabeça na almofada, ainda, com o som ensurdecedor das motos e da imagem daquele braço a invadir-me a privacidade – as minhas coisas.
Entre muitas lágrimas lá me apareceu a voz daquele polícia que me conseguiu aquietar e acalmar novamente.  

quinta-feira, 21 de junho de 2012

5 Dias em Barcelona – Dia 3


Levantamo-nos bem cedo com o objetivo de irmos logo pela manhã à Sagrada Família, conscientes que teríamos que esperar horas nas habituais e infindáveis filas.

Lá rumamos pelas Ramblas, até à praça da Catalunha, pelo caminho encontramos uma loja gigante de roupas e adereços de teatro, boa para ser fornecedora do meu Grupo.

Até que começamos a ver ao longe as imponentes torres e gruas do edifício pretendido. Mal nos aproximamos, comprovamos o amontoado de pessoas na fila, também elas com o nosso objetivo, esperamos uns 40 minutos, até entrarmos na catedral.


Quando coloquei os meus pés dentro do espaço, toda eu estremeci, tal era a beleza observada, completamente original, criativa, imponente, um verdadeiro auto ao amor, à paz, à calma, ao lado espiritual tão presente na nossa vida humana e tantas vezes esquecido. Naquele momento pensei “como é que alguém, em tempos tão remotos, onde os equipamentos eram rudimentares, e o acesso à tecnologia era nulo, conseguiram chegar ao projeto de algo tão imponente e belo”.











Lá está o meu signo do lado esquerdo na parte superior. 

Vou-me remeter aos comentários de uma mera observadora, sem qualquer noção de técnica arquitetónica, algo que deverá ser feito pelos entendedores.

Cheia de luz, estrategicamente pensada por Gaudi, para incidir sobre os locais precisos, com os seus vidrinhos coloridos expelindo uma panóplia de cores. As colunas divididas em várias direções, formando círculos de sustentação, as formas arredondadas dos confessionários (um deles assistiu à confissão da Madre Teresa de Calcutá), as orações em 50 línguas, marca do objetivo do seu criador em unir os povos de todo o mundo em torno da contemplação daquele espaço.

O mais interessante é que Gaudi sabia que quem iria pagar o seu sonho seria, exatamente, o povo de todo o mundo, às críticas da época que acharam o projeto chocante e inalcançável  ele respondeu: “não há qualquer problema porque o meu cliente pode esperar”.

Algo que também me impressionou foi a presença dos signos numa catedral religiosa, especialmente, pelo facto do meu signo estar do lado direito do altar principal – fiquei tão contente.


A presença de elementos da natureza na definição das estruturas da catedral é impressionante, dando a impressão que estamos no meio de uma floresta, com as entradas de luz. Simboliza a união perfeita entre a natureza, a fé, a humanidade, a genialidade e a capacidade sonhadora e criativa de um grande homem que fez com que todos se unissem em torno da sua obra-prima.

Um local que vou voltar a visitar, sem qualquer dúvida, nem que seja em 2020, altura em que se prevê o término das obras.
De seguida lá fomos nós almoçar, desta feita, a um restaurante de Istambul.

Partimos em direção à casa Batlló. Deparamo-nos com um edifício colorido, com colunas imitando as patas de um elefante, cheio de redondos e estruturas que pareciam escamas de dragões – magnífico.
 






Mesmo ao lado a casa Amatller de Cadalfach, daí partimos para a famosa “La Pedrera” também conhecida como: Casa Milà, escusado será dizer que a sua beleza é soberba. Decidi não entrar para poupar alguns euros, com o intuito de os gastar num espetáculo de Flamengo.


Decidimos, então, procurar alguns edifícios projetados por Cadalfach na Avenida Diagonal, vimos o Palau dél Baró de Quadras e a Casa Terrades, também conhecida por: Casa de Les Punxes.
Depois de toda a azáfama do dia, decidimos sentar-nos num banco de jardim, da Avenida, para podermos lanchar qualquer coisa, pois foi nesse preciso momento em que fui assaltada, daí não ter uma única fotografia de todos os locais por onde andei.

Contarei como tudo aconteceu mais tarde, pois

tratou-se de um acontecimento tão estranho

que não pode ser relatado de ânimo leve. 

PS: Ficaram as fotos da minha amiga e a memória...











   

5 Dias em Barcelona - Dia 2

Pela manhã bem cedo, e depois de uma noite bem dormida, rumamos à Praça da Catalunha, para aí apanharmos o “Barcelona Bus Turístic”.
Tínhamos 3 linhas para descobrir e apenas um dia de bilhete. Iniciamos a nossa viagem na linha azul e lá fomos passando pelos emblemáticos monumentos. A nossa primeira saída foi no “Parque Guell”, eu já não aguentava a curiosidade de o poder sentir ao vivo e a cores.
Mal o avistei comecei a ficar extasiada, é de facto singular, de uma criatividade só possível aos olhos de Gaudi, cheio de cores, pequenos azulejos, dragões, formas, e cantinhos arredondados escondidos em todo o parque. Tal como a maioria da obra deste genial arquiteto também este Parque foi considerado uma aberração na época da sua construção, e pergunto eu “como é possível alguém neste planeta não ficar admirado com a beleza incomparável daquele parque?”, mas enfim foram outros tempos. Por aqueles recantos  fui sendo dominada pelo som de uma viola, tocada por um excelente músico, aí fiquei um bom bocado inebriada por toda aquela paz e beleza que me ocupava todos os sentidos.








Visitei a casa museu de Gaudi, no meio do parque, o senhor soube escolher, pois era um local fabuloso para a criação, onde é possível observar a cidade em vários ângulos. Não pude deixar de ficar admirada pelo tamanho da sua cama, extremamente pequena, colocada ao lado das camas atuais, ui é de fugir agora não caberia lá nem uma perna quanto mais o corpo todo. Reparei, ainda, nos armários completamente diferentes, com as suas formas arredondas em madeira, onde guardava os seus esboços, não fazia ideia que aquilo pudesse ser criado. O local de reza dele ao pé da cama também foi interessante, talvez ele tenha sido protegido, para deixar-nos o que deixou…













A imagem do parque, da sua beleza arquitetónica e natural, os sons dos vários músicos que por lá andavam, não me saem da cabeça, e sei que principalmente os meus olhos e ouvidos me agradecem por tê-los levado lá.
Voltamos a entrar no autocarro e a paragem seguinte foi no “Parque de La Tamarita”, bem e devo dizer, que depois de visitar o Parque Guell nunca se deve ir ao Tamarita, pois é muito mais simples, menos criativo e é ver o mesmo que existe em todas as cidades do mundo, por isso, rapidamente voltamos a apanhar o autocarro.

Passamos por Sarriá, pelo Estádio do Barcelona, e mil e um edifícios lindos, mas não saímos para conhecer, almoçamos para trocarmos de linha, desta vez para a vermelha, com destino à Praça de Espanha.


Vimos a Estação de Sants, a Creu Coberta e lá saímos nós, a pé subimos ao Museu Nacional de Arte da Catalunha, passando pelas suas fontes e estátuas, que dão uma envolvência muito especial ao local.












Por lá vivemos uma experiência no mínimo assustadora, enquanto tirávamos fotos, o saco da minha colega desapareceu, um belo larápio (muito, muito, muito comum em Barcelona) fugiu com ele, a sorte foi que consegui encontrá-lo e a minha amiga apanhá-lo, caso contrário ia correr bem mal. Enfim, um pequeno grande susto que não teve a capacidade de nos roubar o deslumbramento pelo local. Lá continuámos em direção ao Centro Comercial “Arenas”, uma antiga praça de touros que foi tapada e transformada em  shopping, com uma vista panorâmica sobre toda a zona, possibilitando-nos a observação do parque” Joan Miró”.



Mas muito havia, ainda, por descobrir, voltamos ao autocarro e subimos em direção ao “Poble Espanyol” e a “Anella Olímpica”- a nossa próxima paragem. Encontramos um local de paz, e sossego, pouquíssimos turistas vislumbravam tal quietude, o que para mim foi duplamente bom.

Mas que bem que este vídeo fica aqui...






Por esta altura levantou-se uma tempestade de vento, também muito características de Barcelona, aos fins de tarde, que me arrepiou toda, e secou as minhas lentes, mas mesmo assim não desisti (antes ver mal do que não ver de todo).
Passamos pelo Teleférico de Montjuic (mas só se andasse maluca é que lá entrava com a tempestade que estava), pela Fundação Joan Miró, World Trade Center (não fazia ideia que existisse em Barcelona), Praça de Colom, Museu Maritim, e Museu da História da Catalunha, em plena Barceloneta - a praia da cidade. Trocamos de linha em plena tempestade, desta feita para a verde, e ainda bem que foi a última porque foi a mais desinteressante, ou então o motorista aldrabou-nos porque já estávamos no final do dia e no meio de um vento horrível, só sei que passamos pelo Poblenou e Porto Olímpico, praticamente não há registos fotográficos sequer, da minha parte pelos motivos que mais tarde vos explicarei , talvez um dia volte a visitá-la e a entender o que se passou.
Voltamos para a linha vermelha, pois tínhamos como objetivo regressar à Praça de Espanha, para podermos observar o espetáculo das fontes, mas tivemos azar, pois tratam-se de performances que só acontecem ao fim de semana.
Decidimos jantar pelo Arenas e a escolha não podia ter sido melhor, fomos a um restaurante Japonês, para desanuviar um bocadinho, o chá que bebi (cá para mim) foi obra dos Deuses, que teve a capacidade de nos relaxar depois de um dia de muita caminhada.




Regressamos a pé para a “Carrer de Ferran”, pela Gran Via, em conversas alegres, acompanhadas pela luzes de Barcelona, nem sentimos o cansaço físico, pois o dia foi repleto de boas energias, apesar da tentativa de assalto, tudo correu bem. 



PS: Fotos gentilmente cedidas pela minha companheira de viagem.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Os astros às vezes adivinham os estados de espirito


Faça da sua vida um sonho, do sonho uma saudade, da saudade uma realidade e da realidade uma verdade (Autor desc).

Mantenha a sua capacidade de sonhar, de amar a vida intacta. Não permita que ninguém tenha o poder de destruir a sua imaginação.
Li algures, senti aqui dentro de mim...

5 Dias em Barcelona - Dia 1

Partimos do Porto, numa segunda-feira de madrugada para aproveitarmos o amanhecer de Barcelona.
Aterramos em Barcelona pela manhã e toca a procurar transportes. Percorremos as avenidas repletas de autocarros, camiões, táxis amarelos e pretos, carros, motos, bicicletas, skates, patins, com destino à Praça da Catalunha, a praça central, de lá tudo começa, tudo continua, tudo acaba, foi de lá que se iniciou a nossa descoberta.













É o ponto de união entre a parte antiga da cidade e o chamado Eixamble, marcada por dois enormes chafarizes, estátuas fascinantes, edifícios imponentes como hotéis, bancos e o sempre presente El Corte Inglês e o Hard Rock Café, centenas de pombas habitam também a praça, autocarros turísticos, centenas de táxis para a descoberta da cidade.
Rumamos em busca da “Carrer de Ferran” no Bairro Gótico, descobrindo mais e mais edifícios, lojas fascinantes e diferentes culturas, sentindo o cheiro de uma cidade que começa a acordar para um novo dia de adrenalina, de histórias – milhares delas em cada canto.
Encontrado o Hostel, largamos imediatamente as tralhas, para sairmos o mais rápido possível em direção às “Ramblas".
Descobrimos a fantástica avenida cheia de estátuas humanas, barraquinhas comercializando “recuerdos”, plantas, sumos de frutas, gelados, pintores de rua, e muitos e muitos turistas curiosos com as suas máquinas fotográficas para registarem os momentos para a eternidade.
Carregadas de alegria pelo descobrir de novos mundos, os nossos olhos beberam novidade, enchendo-se de emoção e uma entusiasmante curiosidade.



























Deparamo-nos com o “El Arc del Triomf”, e nas imediações encontramos a Praça Tetuan, onde almoçamos um “bocadillo”, o meu era de atum, e diga-se que bastante mais áspero que o que costumo comer, não voltei, por isso, a comer nada com ele por terras de Espanha.


Aí fomos agradavelmente surpreendidas por uma amiga da minha companheira de viagem, que nos levou ao topo do edifício onde habita, para uma esplendida vista panorâmica sobre a cidade, um local de paz a 19 andares do solo. Avistamos a cidade em toda a sua opulência.




Daí partimos para o “Parc de la
Ciutadella”, um maravilhoso parque, cheio de verde, tranquilidade e sons da natureza, incomuns num espaço tão agitado.












Descobrimos, ainda, o “Mare Magnum” um shopping construído sobre o mar, onde para podermos lá chegar percorremos uma ponte sobre o mar.

































Perto do porto encontramos a cada esquina estátuas e esculturas soberbas, tão características.













































































Rumamos, de novo, às Ramblas e lá deparei-me com uma cena estranha e que me deu que pensar, uma miúda que não devia ter mais do que 17 anos, mas que a droga lhe roubou a expressão, o brilho no olhar, completamente adormecida para a vida, alienada de tudo o que a rodeava e era tanta beleza, toda suja, sem sonhos, sem curiosidade, sem magia, acompanhada por um rapaz, partilhando também o seu estado de espirito, a única preocupação dele era arranjar comida nos restos que as pessoas deitavam fora, um cigarro para  algo os ressuscitar, verificando, ainda, se a companheira continuava viva acordando-a de tempos a tempos.
Cedo partimos para o Hostel, acreditando que a noite não seria a melhor altura do dia para conhecermos a cidade, pela insegurança que sentimos.
Deitei-me feliz por ter dado à minha existência a oportunidade de ver e sentir Barcelona.


Ps: Fotos gentilmente cedidas pela minha amiga.