quarta-feira, 25 de julho de 2012

Pessoal tenho andado desaparecida, pelos seguintes motivos:
1.º Continuo a chegar tarde a todo o lado (eu e os horários nunca nos demos muito bem), restando, por isso pouco tempo para dedicar ao meu cantinho;
2.º Com este calor não apetece fazer nada;
3.º A minha vida tem andado tão secante que poucos são os assuntos para escrever aqui;
Contudo, acho que hoje é um bom dia para fazer um balanço dos objetivos que me propus alcançar.
- Excesso de peso que queria destruir até ao fantástico dia em que irei entrar nos trinta, ainda não está eliminado, estou a 1Kg e 900 gramas de o conseguir, mas é tão difícil- como é difícil;
- A minha continha poupança está a anos luz de alcançar o mínimo razoável, com a agravante de ter recebido ontem uma fatura de telemóvel com um misero total de 1200€, sim ainda são restos do assalto em Barcelona. Ainda me pergunto como foi possível, aqueles desgraçados, malandros, palermas, estúpidos, ladrões me terem gasto tanto dinheiro de telemóvel. É muito triste sermos vítimas de um assalto, e ainda andarmos a pagar as contas deles.

Mas em relação a este assunto falarei mais tarde, pois se começo a falar agora, ainda tenho uma combustão espontânea.


Que raiva porque falei nisto? já estou danada, fora de mim para escrever seja o que for….

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Estado Civil: Solteira





Esta época do ano é repleta de cor, sons de passarinhos, calor, estrelas que rasgam os céus, e casalinhos cheios de mel para dar e vender, apesar de se tratar de uma imagem bonita de contemplação e esperança, não o é especialmente para quem está sozinho e não está terrivelmente e humanamente apaixonado.
Cada vez mais acredito que os finais das relações ditam o início das seguintes. É uma teoria que tenho vindo a comprovar - praticando.  
Apesar de não ter tido assim tantos relacionamentos quanto isso, aliás sérios, sérios foram pouquíssimos (não vou dizer o número, pois é vergonhoso, mesmo assim falhados), posso também tirar as minhas conclusões fundamentadas nas relações das minhas amigas, que conheço tão bem que é como se fizesse parte delas, sim caros homens, as mulheres contam tudo umas às outras…
No final de uma relação longa que tive no passado, esperava encontrar um homem completamente diferente do de então, e tanto pedi que encontrei um completamente diferente de mim, em tudo, tão grande eram as diferenças que eu queria vinho, ele queria água, eu queria passeio ele queria o sossego, eu era azeite ele era água, e a lista podia continuar infinitamente.
De tal forma que quando a relação terminou nem sequer houve a famosa e habitual conversa do: “sabes é melhor darmos um tempo, porque preciso de pensar e blá, blá, blá”, já estava tudo pensado e mais que pensado e falado, tivemos uma discussão (acho que devia ter sido a única em que emissor e recetor iam variando, pois regra geral era sempre eu o emissor e ele o recetor), dessa discussão restou o silêncio, profundo, total. Foram necessários 7 meses para voltarmos a emitir palavras um ao outro. Não sei que raio de coisa acontece comigo neste tipo de situações, pois como que por artes mágicas os meus ex desaparecem da minha vista, o que por um lado é bom, mas por outro fica um grande vazio, confundindo-se com a ausência total de lembranças do passado.
Costumo desenvolver uma estratégia que eu chamo de “apagão”, pois durante um período de tempo apago tudo o que de bom a pessoa tem, e aos poucos apago também o que tem de mau, até chegar ao nível 0, de apagão total, em quase esqueço o seu nome, do género: “eu namorei com ele 5 anos? Não me lembro”.
Desta vez o apagão foi de tal forma profundo, que chego a pensar que eliminou de mim a capacidade de voltar a interessar-me por alguém.
Os finais das relações transportam com eles sempre, quer ainda se ame ou não o parceiro, um profundo vazio, uma mágoa, uma falha, uma deceção, afinal colocamos sempre um certo tipo de esperanças que irremediavelmente saem furadas e isso marca-nos para as relações seguintes, quer se queira aceitar o facto ou não.
A verdade é que estou farta de dar, dar e sair desiludida, dececionada, magoada e estar sempre a reconstruir-me, a pegar nos pedacinhos que vão estalando e a colá-los aos pouquinhos e isso demora, oh como demora.
Acho que perdi a capacidade de acreditar, acreditar que as relações são bonitas, duradouras, e que valem a pena.
Olho para os casalinhos apaixonados e sou invadida por um misto de sentimentos, como um mar agitado, por um lado batem em mim ondas calmas e penso “será que um dia vou ter alguém que me olhe assim, e que seja para durar, que me ame incondicionalmente e irremediavelmente, que me admire com tudo o que eu sou, que me abrace e queira fazê-lo a cada minuto de todos os dias, que fique acordado só para me ver dormir, que vá comigo ver o mar e de mãos dadas olhe o horizonte com o mesmo olhar, que queira ficar comigo ao deitar e ao levantar”, por outro lado batem-me ondas agitadas e penso: “estou tão bem assim, não tenho que me preocupar em marcar saídas, chamadas, encontros, férias, dar satisfações, aturar crises de ciúmes e coisinhas do género, pensar se a pessoa está bem ou mal, triste ou alegre, se quer ir ao cinema ou ficar em casa, se quer sair ou ficar, aturar amuos ou alegrias estranhas, desculpas e satisfações, ausências e incertezas”.
A verdade é que, especialmente, nesta altura do ano em que o amor anda no ar, é bem mais complicado estar sozinho. Agora, bem mais do que no Inverno, dou comigo a pensar: será que vou ficar sozinha para sempre, será que nunca mais me vou apaixonar por ninguém, será que nunca mais ninguém se vai apaixonar por mim?
Os meses vão passando e atrás dos meses os anos e nada muda, não conheço ninguém incrivelmente fantástico que me faça ficar sem folego, que me crie aquele frio na barriga capaz de me roubar o apetite, o frio e o calor, o sono e a concentração. Às vezes gostava de sentir de novo essa emoção, para sentir que ainda estou viva, e que a esperança não morreu dentro mim.      

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Quem não tem cão caça com gato 2

Então não é que os Nouvelle Vague estiveram tão perto de mim, juntamente com a Inês Castel Branco, Dalila Carmo e por aí fora, também perto de mim esteve um penedo onde me sentei, coberto de musgo, com Guimarães aos pés, o frio a entrar-me pelos poros e o som maravilhoso do grupo Francês.
Chegar ao lugar VIP não foi fácil, só alcançável para alguns iluminados, longe das confusões, bem sentadinhos, ficará para memória futura, e espero que o local se mantenha intacto por muitos e bons anos, quem sabe um dia não voltamos a necessitar de uma boa poltrona...

O que sentes quando fazes teatro?

A questão “O que sentes quando fazes teatro?”, faz-me ficar constantemente sem palavras, tal é o misto de emoções que me invade os sentidos, de tal forma intenso, e avassaladoramente indiscritível.
Sou uma amante de teatro, ele persegue-me a imaginação, a música leva-me inevitavelmente para as personagens que vou criando nos meus sonhos, a contemplação dos espaços, pessoas, expressões, sensações que vou roubando das ruas, dos jardins, das viagens, da sociedade, idealizo-os e atiro-os para a arte.
Vou criando uma e outra característica, dando e dando, construindo seres intensos, que arranco das folhas de papel donas apenas das suas frases, privadas de sons, de cheiros, de movimentos, de intensidades, são vagas, por vezes, muito vagas.
As figuras têm a audácia de se entranharem em mim, perseguem-me por todo o lado, acordam e deitam-se comigo, invadem-me os sentidos quando menos espero, às vezes até são chatas e quando as quero mandar embora, para que sigam o seu caminho, elas continuam lá. Por vezes quero conhecer outras e elas teimam em ficar, misturando-se nas emoções de outros personagens. O que me deixa fora de mim, enerva-me, pois não compreendem que o tempo delas terminou, e quanto mais as conheço mais difícil se torna a separação. Por vezes são manhosas porque me atropelam os pensamentos e quando julgo que se foram embora, lá aparecem elas, confundindo-se com outras figuras.
Quando as levo para o palco, e nos dias em que elas decidem aparecer é realmente mágico, há também situações em que se lembram de não aparecer, isso acontece quando me lembro menos delas, como que amuadas - vingam-se, pregando-me partidas deixando-me sem chão. Às vezes, até elas, desiludem…
Mas quando tudo corre bem e todos as conseguem ver, a capacidade criativa da imaginação voa pelo palco e mexe com as emoções, é algo incontestavelmente divino.
Julgo que o teatro faz parte de outra dimensão, onde poucos são tocados por uma varinha de condão para ajudar a humanidade a sonhar, às vezes por caminhos mais ou menos difíceis.
Fintam-se as culturas, as línguas, as incapacidades, os sentidos e voa-se pela alma.
Para mim é no teatro onde o actor é colocado à máxima prova, porque não há hipótese de subterfúgios, a personagem é ou não é credível, e tem de sê-lo do início ao fim da peça, caso contrário ninguém imagina, vê ou sente nada.
Acabada de fazer uma formação teatral, venho a transbordar de alegria, pois encontrei o método mais adequado (julgo eu), para encontrar a essência das histórias, uma técnica, uma arte que procurava à tanto tempo e me esgotava mentalmente. Entendi que para as descobrir deveria antes de tudo cansar o corpo fisicamente e libertar a mente de medos e isso só acontece quando o corpo está preparado a recebe-la. O que aprendi, e efetivamente constatei, é tão profundo como olhar para o nosso corpo e deixar de ver braços e pernas, para ver - penas, troncos, e milhares de histórias, que se criam pela imaginação, deixar o obvio e abrir caminho para outras narrações surreais, mas bem mais interessantes.
Não poderia nunca dizer o que sinto quando vejo ou faço teatro, porque é um conjunto tão grande de emoções, muitas delas até desconhecidas na minha vida diária, que descrever algumas seria muito vago.
Se eu podia viver sem o teatro? Sob a forma como eu o sinto, como me leva aos caminhos da imaginação, o arrepio de todos os sentidos, não podia, pois deixaria de ser eu, com a minha verdadeira e sincera essência.