Irritas-me tanto, tu…
Especialmente porque fechaste um livro sem te dares ao
trabalho de percorreres as suas folhas, leres as suas frases e poderes saborear
o prazer da felicidade.
És parecido comigo, sei-o sem mesmo te conhecer, estranho isto
não??? Poderá ser a vontade profunda que o sejas, sem que o sejas de verdade?
Sinto-te, na tua solidão, nessa tua imensidão enterrada na
solidão dessa tua vida de contemplação.
Sinto-te nessas tuas observações exageradas da vida real.
Sinto-te nessas tuas incertezas.
Sinto-te nesses teus medos.
Sinto-te nessas tuas indecisões que te impedem de agarrar a
vida.
Sinto-te as dores, porque são também elas as minhas dores, sei-o sem nunca me teres falado nelas.
A minha sede de te abraçar não consegue derrubar a barreira
do medo de te olhar.
Foram já tantos anos sem este sentimento, que não sei como o
guardar em mim, sem que ele me sufoque.
Algo me atraí a ti, como um íman, uma qualquer espécie de
feitiço que não consigo decifrar.
És parecido comigo, sei-o sem mesmo te conhecer….
Como uma alquimia qualquer trago-te em mim, guardado como uma
recordação de algo que nunca existiu.
Que força é esta que me impele a ti?