Fico profundamente revoltada com
os críticos armados em intelectuais.
Como lâminas bem afiadas apuram
língua e mãozinhas analisando profundamente as contribuições culturais dos
demais.
Esta espécie humana observa com
grande astucia os trabalhos dos outros, com o único intuito de encontrarem
alguma aresta menos polida, para depois poderem encher a boca para a censura do
esforço alheio.
Redigem textos elaborados, com um
manejar de palavras mais ou menos rebuscadas para encetarem a sua tão
importante opinião. Geralmente nunca gostam do que observam, os espectáculos ficam
sempre a anos luz das suas tão elevadas ambições.
Como cobras venenosas estão
sempre prontas a lançar o seu veneno.
De braços bem cruzados e corpinho
descansado, acomodam-se nas suas acolhedoras casas, ou no diálogo erudito num
qualquer café de beira de rua, em horas de trabalho profundo em torno da arte
das conversas do dia a dia.
Os criticados, por sua vez,
esfolam a alma e o corpo na procura de algo para dar aos outros, em muitos
casos de forma totalmente gratuita, deixam de comer, de dormir, de ter feriados
ou fins-de-semana, em horas e horas de trabalho pós laboral, fazem-no por um
profundo amor e até generosidade. Não exigem nada, não procuram o êxito, ou
aclamação pública, mas sim a cultura, a melhoria do seu interior e a dos Grupos
a que pertencem, fortalecendo a vida dos demais.
Por tradição os críticos armados
em intelectuais vivem com o olho posto na vida dos outros, quais coscuvilheiras
de beira de esquina. Regra geral não acompanham, não contribuem, nada fazem
para que as coisas melhorem, sejam diferentes, não arregaçam as mangas para o
trabalho, não dão nada mas também nada recebem, pois no ato de cair e levantar,
no procurar, no desbravar também se encontra uma sabedora e uma felicidade
imensa -impagável.
Os críticos iluminados enchem a
boca para falar mal de tudo, não no sentido da crítica construtiva, porque
essas sim são bem-vindas, fazem parte de um crescimento conjunto e contribuem
para a crescente melhoria. Pelo contrário, falam por falar, sem conhecimento de
causa, sem participação, e sem vergonha na cara.
Espanta-me que se teçam comentários
condenando as tradições de um povo, julgando-as e avaliando-as como “modelo
perfeito de provincianismo”.
Caso os mais críticos eruditos
ainda não tenham percebido, a cópia dos actos artísticos alheios não é a
solução, nem económica, nem artística, muito menos cultural. Devíamos todos
procurar nas nossas raízes, as tradições, os costumes, a alma comum, a nossa
história, orgulhemo-nos dela, usando-a como bandeira de crescimento em termos turísticos
nacionais e internacionais, porque o caminho dos nosso querido país à beira mar
plantado è mesmo esse e não outro.
È uma vergonha sentir vergonha das nossas
gentes, do nosso povo, daquilo que nos faz ser diferentes de todas as outras
terras.
Eu também tenho uma grande vergonha por todos
aqueles que se escondem, envergonhados, cobardes, verdadeiros incultos que
ainda não compreenderam que a grande aprendizagem acontece pela observação,
participação e entrega às tradições genuínas, isso sim “è uma cultura
comprometida” e não na cópia de frases feitas pelos outros.
Afinal aquilo que somos deve ser
genuíno, autentico, único, real sem cópias e imitações foleiras, digo eu….
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