terça-feira, 19 de março de 2013

Plágios das Fadinhas


As mãos transportam para os dedos, que através da tinta das canetas, criam palavrinhas no papel e descrevem aquilo que somos.
De uma forma mais ou menos genuína, mais ou menos sentida, mais ou menos trabalhada, impreterivelmente encaminham o que é nosso, autenticamente.
Assim e só assim vale a pena, só assim é verdadeiro.
Sejam poemas, documentos técnicos, pensamentos, narrações, diálogos, não importa…são de quem os cria, de quem os sente, de quem os imagina, são das mãos de quem os escreve.

Sou profundamente contra os plágios, as cópias, os roubos de textos. Isso não é mais do que usurpar algo que não foi sentido por quem se diz seu autor, não parte do seu conhecimento, das suas raízes.

O vento que eu apanho na cara, e que passa pelos meus poros, colocando um pássaro branco, pacificador na alma, as pisadas descalças que dou em vidro afiado e os cortes que disso advém são minhas. As cicatrizes que tenho no coração e que nenhuma agulha por mais grossa e polida que esteja é capaz de coser são minhas e só minhas.

Os campos de azuis oceanos, regados de chocolate em calda, o cheiro a pão acabado de fazer são imagens dos meus sonhos, não de quem teima em roubar-me a essência.

Os gigantes muros que crio em meu redor são muralhas de algodão doce que me fazem crescer com os pés bem descalços sobre colchões de algodão.

As fadinhas não entendem que as palavras escritas são a minha tábua de salvação, a minha boia em mar revolto, a minha tímida nudez no meio da multidão?

A enorme satisfação que experimento ao sentir o prazer que as pessoas sentem ao ouvir as minhas palavras, é também a enorme culpada pela transfiguração do meu ser em egoísmo e avareza, pela utilização dos meus pensamentos como sendo seus.

Experimento um sentimento desconhecido, estranho, mau, de raiva, impotência, pois como se de vampiros se tratassem sugam-me o sangue até à última gota, maus ou bons é o meu sangue que está ali exposto através dos dedos, que através das canetas, criam palavrinhas no papel e descrevem aquilo que sou.

È tão fácil pegar no que é dos outros e assumir-se como nosso, é simples, dá pouco trabalho, afinal nem precisa de se ligar a bolinha cinzenta ao fio terra. Mas é tão difícil para quem se vê alheado, roubado, quase como que violado da sua pureza, a alma é desbravada em hasta pública sem limites, sem humildade, sem verdade…

Transformam as palavras em estandartes da mentira, da hipocrisia e do roubo.

As fadinhas não entendem que assim me matam a autenticidade.

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