As mãos transportam para os dedos, que através da tinta das
canetas, criam palavrinhas no papel e descrevem aquilo que somos.
De uma forma mais ou menos genuína, mais ou menos sentida,
mais ou menos trabalhada, impreterivelmente encaminham o que é nosso, autenticamente.
Assim e só assim vale a pena, só assim é verdadeiro.
Sejam poemas, documentos técnicos, pensamentos, narrações,
diálogos, não importa…são de quem os cria, de quem os sente, de quem os
imagina, são das mãos de quem os escreve.
Sou profundamente contra os plágios, as cópias, os roubos de
textos. Isso não é mais do que usurpar algo que não foi sentido por quem se diz
seu autor, não parte do seu conhecimento, das suas raízes.
O vento que eu apanho na cara, e que passa pelos meus poros,
colocando um pássaro branco, pacificador na alma, as pisadas descalças que dou
em vidro afiado e os cortes que disso advém são minhas. As cicatrizes que tenho
no coração e que nenhuma agulha por mais grossa e polida que esteja é capaz de
coser são minhas e só minhas.
Os campos de azuis oceanos, regados de chocolate em calda, o
cheiro a pão acabado de fazer são imagens dos meus sonhos, não de quem teima em
roubar-me a essência.
Os gigantes muros que crio em meu redor são muralhas de
algodão doce que me fazem crescer com os pés bem descalços sobre colchões de
algodão.
As fadinhas não entendem que as palavras escritas são a minha
tábua de salvação, a minha boia em mar revolto, a minha tímida nudez no meio da
multidão?
A enorme satisfação que experimento ao sentir o prazer que as
pessoas sentem ao ouvir as minhas palavras, é também a enorme culpada pela
transfiguração do meu ser em egoísmo e avareza, pela utilização dos meus
pensamentos como sendo seus.
Experimento um sentimento desconhecido, estranho, mau, de
raiva, impotência, pois como se de vampiros se tratassem sugam-me o sangue até
à última gota, maus ou bons é o meu sangue que está ali exposto através dos
dedos, que através das canetas, criam palavrinhas no papel e descrevem aquilo
que sou.
È tão fácil pegar no que é dos outros e assumir-se como
nosso, é simples, dá pouco trabalho, afinal nem precisa de se ligar a bolinha
cinzenta ao fio terra. Mas é tão difícil para quem se vê alheado, roubado,
quase como que violado da sua pureza, a alma é desbravada em hasta pública sem
limites, sem humildade, sem verdade…
Transformam as palavras em estandartes da mentira, da
hipocrisia e do roubo.
As fadinhas não entendem que assim me matam a autenticidade.
IMPOSSÍVEL, a sua autenticidade não é substituível...continue ;)
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